No acervo, raridades de Santos=Dumont

 

http://www6.estado.com.br/suplementos/seub-gde/2000/11/30/seub-gde010.htm=l
Enviado por J.E.O.BRUNO <jeobruno@uol.com.br>
Em 23/02/2002

Mesmo com a importância histórica, museu enfrenta falta de recursos
BARBARA SOUZA

Entre os 2 mil livros, centenas de fotografias e documentos jamais abertos por falta de condições para manuseá-los, há ainda muito o que se falar da história da aviação no Museu de Aeronáutica em Cotia. "Há cartas de Santos=Dumont que nunca foram lidas", revela a conservadora Priscila Delgatto.

Em meio às raridades, algumas peças foram colocadas em exposição, como uma das cordas usadas pelo aviador em vôos de balão e um dos chapéus, ícone de Santos Dumont.

Depois de vasculhar documentos, as responsáveis pelo museu descobriram que algumas peças foram doadas à Fundação Santos=Dumont pelo mecânico do aviador, Gasteau dos Santos.  "Aparentemente ele era uma pessoa que sempre acompanhou Dumont, porque aparece em várias fotografias", acrescenta Priscila.

A expectativa dela é de que novas histórias sejam resgatadas conforme o arquivo for recuperado. Por equanto, o museu ainda não conta com estrutura suficiente para permitir a restauração de todas as peças.

"Trata-se de um trabalho lento porque estou sozinha nesse setor", explica. Além disso, Priscila ressalta que o resgate desse material requer investimento.

"Não sabemos com que recursos iremos nos manter daqui para a frente", argumenta a pedagoga Susana Marques Quintanilha.

Papel - Segundo Susana, também responsável pelos projetos educacionais do museu, toda a tentativa de recuperar o acervo pode não sair do papel. "Nossa verba acabou este mês", revela. "Estamos sem dinheiro para pagar os funcionários e tocar adiante nosso projeto."

Para driblar a falta de recursos, o museu deve iniciar ainda este mês uma série de contatos com possíveis patrocinadores. "Eles estariam atrelados a projetos individuais", revela a diretora, Ana Cecília Faria.

Os programas vão contar com os benefícios da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura para atrair investidores. "Não queremos que o museu volte a fechar suas portas por falta de recursos como ocorreu no Parque do Ibirapuera, o antigo endereço", diz.

Ali, o acervo ficou fechado para visitação durante 14 anos. Foi iniciada uma reforma, mas não concluída. O museu foi reaberto em Cotia em julho do ano passado, mas a visitação ainda está restrita.

"Estamos abrindo as portas apenas para visitas programadas com antecedência", diz Ana Cecília. Mas o acervo com livros, revistas e jornais referentes à aviação mundial pode ser consultado.

Paixão - Fundado em 1956, o Museu de Aeronáutica já construiu a própria história. Contou, no início, com apoio do Ministério da Aeronáutica para sobreviver. "Naquela Época, a pesquisa e informações sobre a aviação eram assuntos do museu, mas hoje, isso fica por conta de empresas privadas", justifica Ana Cecília.

Apesar das dificuldades de manutenção, o museu ainda conta com a dedicação dos "apaixonados" pela aviação. "Somos abnegados", brinca Priscila.

No local, todos dividem as funções e acabam aprendendo a desenvolver atividades antes restritas a especialistas. "Hoje, sei tudo sobre navegação", conta.

Para o vice-presidente do Conselho Consultivo do museu, Reinaldo Canto Pereira, a dedicação é movida pela paixão. "Quero que as crianças vão lá e aprendam a história."

Museu de Aeronáutica da Fundação Santos Dumont
Rua Mesopotâmia, sem número, Pavilhão 2
Centro Municipal de Campismo (Cemucam), Cotia
Telefone: 0xx11-4612-0329

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